Ontem tudo corria como habitualmente, não muito bem, é certo, mas havia uma dinâmica de lenta recuperação, ou talvez de lenta agonia até à bancarrota. Seja como for, o que me traz aqui a escrever esta posta, é a revelação pessoal de que um País afinal já há muito que não o é. Um País é afinal de contas uma gigantesca empresa. Nós não controlamos nada no nosso País; a ideia de que tal acontece é pura ilusão. Quem nos controla são os accionistas do País, leia-se, os credores. Ontem, dizia, tudo corria como seria expectável para um País na nossa posição; lutávamos pela sobrevivência. Hoje continuamos a lutar, até porque a esmagadora maioria da população não liga ao bulício das mercados financeiros; a diferença essencial é que parece que hoje já não faz diferença se lutamos ou não. Porquê? Porque uma empresa (standard & poor's) do outro lado do Atlântico comunicou ontem que Portugal já não vale hoje o que valia ontem. É o que eles fazem, avaliam coisas; neste caso países. E, como tal, um País em que nada mudou desde o momento A, prévio à comunicação, até ao momento B, posterior à comunicação, passa a valer menos. Aqui coloca-se a analogia entre esta situação e a questão clássica sobre o que apareceu primeiro: o ovo ou a galinha?; Portugal vale, de facto, menos hoje que ontem ou assim acontece porque uma empresa disse que assim é? Mexem com a vida de uma Nação de almas de uma penada e dormem descansados; é assim, é o que eles fazem.
Quem estudou Arquitectura tem que os conhecer, e ainda bem. Foi, de facto, um grupo que levou a cabo experiências interessantíssimas, nos domínio da Arquitectura e do Urbanismo e por isso foi reconhecido em 2002, tendo-lhe sido atribuída a Royal Gold Medal for Architecture. Quem não conhece a Walking City ou a Plug-in City, ambas de 1964, verdadeiras revoluções (revelações) na forma de olhar a cidade? Para quem gosta destes senhores, e não serão poucos certamente, aqui fica a referência.
Quando vi o vídeo pensei: "Mas que palhaços! Excelentes candidatos a "Mineralogista do Ano". Depois, resolvi investigar um pouco mais e compreendi então a genialidade dos senhores. É que eles vendem 'blenders', ou se quiserem em português, liquidificadoras, e mesmo com o incomparável entusiasmo que o povo norte-americano tem pelas ditas 'blenders', concerteza não haverá coisa mais desinteressante que uma dessas máquinas. Então como chamar a atenção do mundo para uma coisa que não tem interesse absolutamente nenhum? Simples, associá-la a algo de que todos falam, mesmo que à revelia como deverá ser, certamente, o caso. Excelente case study de marketing. "Will it blend?" It certainly will, digo eu.