Quem estudou Arquitectura tem que os conhecer, e ainda bem. Foi, de facto, um grupo que levou a cabo experiências interessantíssimas, nos domínio da Arquitectura e do Urbanismo e por isso foi reconhecido em 2002, tendo-lhe sido atribuída a Royal Gold Medal for Architecture. Quem não conhece a Walking City ou a Plug-in City, ambas de 1964, verdadeiras revoluções (revelações) na forma de olhar a cidade? Para quem gosta destes senhores, e não serão poucos certamente, aqui fica a referência.
Imagens do pálácio imperial Katsura
O que é que o Japoneses têm que nós e, de resto, mais ninguém tem? Um sentido estético fabuloso e, até ver, para mim, imbatível. Confesso, sou apaixonado pela cultura nipónica, o que não significa, obviamente, que goste de alguns aspectos que considero menos positivos e que, potencialmente, existem em todas as culturas. Mas de entre todos os aspectos que venero destaco o seu sentido estético. Milhares de anos de evolução, gerações de meditação, algum isolamento (provavelmente com mais vantagens que desvantagens) levaram àquilo que para mim é a pureza do traço. Não falo de pureza apenas no sentido de minimal, pois eles foram muito além disso. Não sei se conscientemente, se forçados pelos condicionalismos próprios de se ser humano e habitar um Mundo com limitações físicas, os Japoneses criaram aquela que para mim é a mais perfeita relação do Ideal, do Desenho, do Imaginário, com a Natureza. E é exactamente aí que reside a sua maior força. Todo o traço do Desenho nipónico, seja na Arquitectura ou noutra qualquer área, nasce do Homem, em profunda harmonia com Ela. Por vezes, pode até não parecer devido à agressividade na utilização dos materiais, mas até na Arquitectura nipónica contemporânea nos sentimos em harmonia, é um Desenho com o qual o Homem se indentifica visceralmente, penso eu.. Enfim, andava para fazer esta homenagem aos meus ídolos há já algum tempo. Voltarei ao tema, sem dúvida.
NE apartment, Yuji Nakae
Quem está do lado da justiça, da democracia e da moral tem o dever de assinar. Não tenho a certeza da validade deste tipo de petições, no entanto, não faz mal tentar.
Foi este fim-de-semana que nos deparamos com algo digno de nota, no mínimo. Este, controverso, tema já aqui foi abordado, noutro contexto; aqui fica portanto mais um caso prático.
Às portas do Parque Nacional Peneda-Gerês, na localidade de Serzedelo, concelho da Póvoa do Lanhoso, eis que um cidadão livre (até ver!; nunca se sabe à cause dos novos projectos de Lei para o crime urbanístico) decidiu erigir uma cópia fiel de uma das casas da "irredutível aldeia gaulesa". Percebe-se porquê, senão veja-se: para os que não sabem, o concelho da Póvoa do Lanhoso é rico em explorações de granito, algumas delas dentro da própria vila, e como tal, só se compreende que o dono de obra de tão peculiar edíficio o esteja a construir para iniciar um negócio de exportação de menires, provavelmente, enquadrado pelos apoios da AICEP à internacionalização. Lamento apenas a qualidade da imagem, mas prometo apdeites da dita com melhor qualidade e em novas fases da obra.
P.S. - Sei que não é fácil mas gostaria que tentassem visualizar (ou na impossibilidade, imaginar) a cabeça de águia-pesqueira que se encontra esculpida imediatamente acima do vão da porta. Penso ser um detalhe que dá toda uma outra dimensão a este projecto, para além de acrescentar inegáveis qualidades plásticas ao mesmo.
P.S. 2 - Para quem se pergunta porque é que a cota de soleira do edifício se encontra 1,8m, mais coisa menos coisa, acima do solo, a resposta é simples: o dono de obra quer, provavelmente, ter uma cave, e tem direito a isso, nem que para tal tenha que movimentar hectometros cúbicos de terras. Este é, portanto, um paradigma da 'construção sustentável': é de madeira; e bastante, atrevo-me a dizer.
Estes em que esbarrei ao deambular por esta maravilha que é a net. Aconselho vivamente o uso deste blog pela qualidade das escolhas e detalhe da informação prestada e deste porque é sempre bom estar a par das coisas interessantes que vão saindo para espevitar o intelecto. Já este concurso parece bastante interessante.
imagem in Público online
Uma vez que o art.º 11 do Regulamento de Deontologia da Ordem dos Arquitectos não é muito claro quanto ao que se pode, ou não, fazer nestes casos, abstenho-me de comentários e remeto para as sábias palavras de Nuno Teotónio Pereira. Arrisco apenas um comentário: pessoalmente e neste particular, não gosto de "de ideias que se aproximam do limiar entre o kitsch e o piroso", e mais não digo.
Pertinente, bem disposto e deveras interessante.
Depois das tumultuosas semanas que passámos, nada melhor que relaxar um pouco e ver o que por aí vai havendo de bom.
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