Foto gentilmente gamada daqui.
É sabido que o fenómeno político está intimamente relacionado com o do futebol. Até aqui tudo bem (ou não!). Aquilo que ainda não se sabia é que esse fenómeno está de tal forma enraizado que as juventudes partidárias se comportam como claques de futebol.
Foi exactamente o que aconteceu na passada noite da vitória do PSD-Madeira e empate para a Democracia. Um grupo de pessoas associada à juventude partidária do PSD-Madeira arremessou três very light's à porta do DN Madeira - provocando o pânico dos que se encontravam lá dentro, ao accionarem o sistema de alarme de incêndio - como se de uma claque de futebol se tratasse. Concedamos até (o que já seria demais) que seria aceitável este comportamento; consideremos agora que, segundo o DN Madeira, nesse grupo seguia também o recém-eleito deputado regional e líder da claque, José Pedro Pereira - neste momento, mais conhecido por "mijinhas" por, alegadamente, ter dessa forma protestado contra um agente da autoridade, urinando-lhe o carro-patrulha, enquanto lhe perguntava se ele sabia quem era - , entoando cânticos claramente futebolísticos como "Nós só queremos ver/o Diário a arder" e "Filhos da puta olé".
Ora bem, parece-me claro que, numa democracia digna desse nome, este acontecimento seria, pelo menos, levemente referido nos blocos noticiosos nacionais. Se se tratasse de uma claque de futebol por certo teria acontecido. Pois tal não aconteceu.
Daqui tiramos duas ilações. A primeira é que, se alguém as tinha, já não restam dúvidas relativas ao facto dos média independentes da Madeira estarem acossados por pulhas - de quinta categoria mas com poder para praticar o mal física e psicologicamente - e cederem (felizmente menos do que seria espectável) ao medo do que lhes possa acontecer a si ou à sua família. Convém não esquecer que falamos, basicamente, de uma pequena ilha. A segunda deriva da primeira. Quando à imprensa é imposto este tipo de pressão já não podemos falar de Estado de Direito. A Constituição da República Portuguesa está a ser, claramente, violentada naquele arquipélago, nos seus artigos 37º e 38º, e parece tudo normal: é como se nada fosse.
Exmo. Senhor Procurador Geral da República sou leigo na matéria mas penso já haver matéria de facto para agir. Abram-se inquéritos, façam-se investigações: se não resultarem já serviram para resfriar os ânimos de alguns energúmenos reincidentes. Isto sou eu a dizer.
O meu muito obrigado às vozes que não se calam:
Adenda:
Esta posta é a propósito da tragédia que se abateu sobre o território madeirense e quero, antes de mais, escrever que sou solidário com os nossos compatriotas madeirenses, neste momento terrível.
Poderão, à primeira vista, pensar que se trata de um ataque político, à semelhança de outros que, aproveitando-se da situação, o estão a fazer. Nada de mais falso; esta posta trata de factos.
Estava escrito; estava escrito que, à semelhança de outros locais no País, aquela tragédia ocorresse. Quem trabalha na área do Ordenamento do Território, sabe bem que, por vezes a toponímia é importante demais. Já não falo sequer de tornar as áreas de leito de cheia em áreas non aedificandi - áreas de construção condicionada - como manda a Lei da Reserva Ecológica Nacional (REN) que, se não me engano, nunca teve aplicação nos territórios insulares (apenas os novos PDM as vão incluir, com óbvias adaptações). Falo simplesmente, isso sim, de prestar atenção à toponímia. A área mais afectada chama-se Ribeira Brava. Será que isto nunca levantou dúvidas a ninguém? Era mesmo necessário ter a REN aplicada no território para chegarem a conclusões que salvariam vidas, ou bastaria ter bom-senso?
Sem me querer alongar muito mais, culpo, liminarmente, por esta tragédia os responsáveis pelo Ordenamento do Território daquele Governo e, em última análise o seu Presidente que parece querer desenvolvimento (ou será apenas construção?) sem olhar a meios.
Lido hoje no Público: 'Manuela Ferreira Leite considera inaceitável que "autarcas invoquem a sua ligação aos governos"'.
A questão é: E o oposto como é defendido por Alberto João Jardim, é já aceitável?
Mas ninguém investiga e processa estas pessoas, nomeadamente e principalmente o Sr. Alberto João Jardim por abuso de autoridade? Desde quando é que ele tem poder para dar ordens directas à P.S.P.?
Perdoem a banda sonora.