Da análise da imagem supra, que é uma síntese da nossa constituição (e que clicando em cima terão oportunidade de ver em maior detalhe, e até criar as vossas próprias imagens) parece que temos um País extremamente bem organizado. Nada mais falso. Eis o desfazamento da letra da lei para o País real. De que serve a Lei quando não tem aplicação à realidade, pergunto? Reforme-se, a dita e o sistema que é sua consequência.
Imagem rapinada daqui.
Bom, agora que ladram enquanto passa a caravana, é bom reler um artigo de jornal dos idos de Setembro de 2009, que versa sobre matemática aplicada.
Ontem tudo corria como habitualmente, não muito bem, é certo, mas havia uma dinâmica de lenta recuperação, ou talvez de lenta agonia até à bancarrota. Seja como for, o que me traz aqui a escrever esta posta, é a revelação pessoal de que um País afinal já há muito que não o é. Um País é afinal de contas uma gigantesca empresa. Nós não controlamos nada no nosso País; a ideia de que tal acontece é pura ilusão. Quem nos controla são os accionistas do País, leia-se, os credores. Ontem, dizia, tudo corria como seria expectável para um País na nossa posição; lutávamos pela sobrevivência. Hoje continuamos a lutar, até porque a esmagadora maioria da população não liga ao bulício das mercados financeiros; a diferença essencial é que parece que hoje já não faz diferença se lutamos ou não. Porquê? Porque uma empresa (standard & poor's) do outro lado do Atlântico comunicou ontem que Portugal já não vale hoje o que valia ontem. É o que eles fazem, avaliam coisas; neste caso países. E, como tal, um País em que nada mudou desde o momento A, prévio à comunicação, até ao momento B, posterior à comunicação, passa a valer menos. Aqui coloca-se a analogia entre esta situação e a questão clássica sobre o que apareceu primeiro: o ovo ou a galinha?; Portugal vale, de facto, menos hoje que ontem ou assim acontece porque uma empresa disse que assim é? Mexem com a vida de uma Nação de almas de uma penada e dormem descansados; é assim, é o que eles fazem.
Ando um pouco descontente com o meu País, ou com alguns que nele comigo habitam. Neste momento, está a chatear-me esta capacidade única de andarmos sempre cabisbaixos, a queixarmo-nos do nosso fado. Não sei porquê. Já cá ando há tempo suficiente para estar mais que habituado a isso. E estou, porém não deixa de me chatear. Quando iremos olhar para o futuro com aquele brilho no olhar de quem sabe o que quer, como quer, e para onde vai. Porque seremos, eternamente, o Povo que não se revê nas decisões tomadas por quem elegeu, criticando-as sem apresentar, normalmente, alternativas? Decisões normalmente previstas em programas de governo que se submeteram à voz do Povo? Afigura-se-me claro que devemos estar inoculados por um vírus que atingiu concentrações perigosas no organismo do Dr. Medina Carreira, a quem muito devemos, sem dúvida, mas que apresenta sintomas graves do dito agente infeccioso.
Infelizmente, e apesar de saber que somos capazes de coisas fantásticas como gestos de solidariedade de meter inveja a qualquer cruz ou lua vermelha, também somos caracterizados por coisas extremamente negativas, senão vejamos. Caracterizam-nos negativamente, a meu ver, generalizando, e de forma sumária, os seguintes adjectivos: invejosos, mentirosos, corruptos, mesquinhos, preguiçosos, iletrados, nhurros, cansados, doentes, infelizes, ingénuos, deprimidos, histéricos. Tento o exercício oposto, encontrar adjectivos que nos caracterizem positivamente e, com muito mais dificuldade, ocorre-me um número menor, muito menor, de adjectivos, vejamos: solidários, hospitaleiros, desenrascados, sentimentais. Enfim como imaginava, é-me mais difícil. Será culpa do meu léxico? É possível, embora não me pareça provável.
Bom, a minha tese é de que enquanto assim continuarmos, e tudo indica que será, infelizmente, por muito mais tempo, nunca sairemos enquanto Povo e País, da cepa torta. Essa é que é a questão de fundo, é aí que reside a solução para grande parte dos nossos problemas. Não são políticas económicas, fiscais, judiciais, avulsas, ou outras que, per si e artificialmente, resolverão os problemas, os problemas apenas serão resolvidos quando nos decidirmos a tal enquanto Nação, como desígnio nacional. É a mudança de paradigma cultural que nos poderá, alguma vez, retirar deste marasmo. Aludindo ao que escrevi acima é preciso, urgentemente, que aprendamos o que queremos, como o queremos e para onde vamos. Jorge tu é que tinhas razão.
Adenda: Não há teoria sem hipótese e corolário. Alterei a imagem inicialmente publicada que, embora tenha algum interesse, não vem tão o propósito como a que agora figura no inicio da posta, encontrada aqui.